quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Voando direto para o Goal


Voando direto para o Goal


Atualmente o cenário das competições estão extremamente disputados. A utilização de tecnologia e materiais de ponta na construção dos parapentes aproximaram as categorias, tornando ainda mais competitivas as corridas para o goal. Basta um piloto voando uma vela de alta performance EN D HOT cometer um erro de avaliação durante o voo e logo será alcançado por pilotos experientes das categorias EN C e EN B, o resultado de toda essa evolução é cada vez mais pilotos no goal, satisfeitos com um bom e seguro dia de voo. Nesse contexto o grande fator diferenciador é a capacidade técnica do piloto, utilização e interpretação de Softwares integrados para a navegação, que dão as dicas de quando devemos fazer o planeio final para o goal, velocidade eficiente de voo, dentre outras informações importantes.

Com toda essa evolução o antigo conceito de voar na frente está se alterando, as margens para os erros estão cada vez menores e os pilotos estão optando por voar em pelotões deixando para tomar as ações independentes ao final da prova, onde a condição do dia estará mais clara e as chances de erros reduzidas.

Competições de parapente são excelentes escolas, pois além de encontrar amigos, voar com pilotos de diferentes níveis, comparar equipamentos, você pode verificar a sua evolução. Entretanto devemos estar atentos a decolagem, pouso e exposição a riscos durante o voo. O voo livre apresenta uma série de riscos que devemos administrar. Numa competição os inputs aumentam e ficamos ainda mais expostos. Decolagem com platéia, nosso ego inflado, a necessidade de ultrapassarmos companheiros e provarmos que somos melhores, atrapalham de forma significativa o nosso julgamento dos riscos. A medida de controle que normalmente aplico está dividida em três fases: pré-voo, voo e pós-voo.  
A medida de controle pré-voo vai da inscrição na competição até a decolagem. Ao fazer a inscrição numa competição avalio a importância dessa competição, os pilotos participantes, o local da competição, onde o meu equipamento está enquadrado, onde o meu nível técnico está enquadrado, leio o regulamento por completo para saber as regras do jogo, chego pelo menos um dia antes ao local da competição para reconhecimento e leitura da micrometeorologia da região. Do ponto de vista da decolagem, treino a inflagem da vela para reduzir os riscos na decolagem, se a condição na região da rampa estiver sustentada, procuro ser um dos primeiros a decolar, evitando o corre-corre que normalmente se forma na rampa próximo da hora do start. Procure utilizar o tempo da decolagem até a abertura do start para relaxar, conectar-se ao ambiente e busque a maior altura possível quando próximo da abertura e do raio do start.             

A medida de controle em voo que muitos pilotos aplicam é ter sempre em mente que o seu maior desafio é contra você mesmo e quando em uma competição com  bastantes dias de prova o seu foco deve ser a chegada ao goal, aplicando ao máximo os seus próprios conhecimentos, nunca abrindo mão da segurança. Perceba que poucos são os pilotos que chegam ao goal todos os dias de prova, se o seu foco for chegar ao goal sem correria, exposição e confusão estará entre os melhores, controle os seus pensamentos e mantenha o foco.

                O pós-voo utilizo para rever os erros e acertos, questionar as decisões tomadas e buscar o máximo de informações com o intuito de aprimorar a técnica e meu nível de segurança em voo. A humildade em reconhecer os erros e a força de vontade em fazer deles acertos definem os verdadeiros vencedores.

Grande Abraço!
Alexandre Malcher

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Aspectos Psicológicos do Voo

                                                                                                                                                                                               

 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO VOO

            O Parapente é um esporte radical que difere dos demais por utilizar pouca força física e demandar um grande esforço cognitivo. Nesse sentido faz-se necessário uma análise psicológica, visando sua maior compreensão dos processos envolvidos, para se obter um maior rendimento no voo.  
            O fato de decolarmos para o voo gera automaticamente uma tensão, que por consequência dependendo do seu nível, pode afetar a nossa atenção.
            Em aspectos gerais, a pré-decolagem favorece um nível de tensão acentuada, que pode variar, dependendo da intimidade e prática do piloto com o seu equipamento. Essa tensão se faz necessária, uma vez que, o estado de alerta ativa importantes  sistemas imunológicos do nosso corpo aumentando o grau de seguraça. Mas cuidado! Estar atento é diferente de estar tenso. Um nível muito alto de tensão gera uma diminuição na atenção, a tensão exacerbada advém da insegurança. Como sempre coloco aqui, existe a necessidade de conhecer o seu equipamento, fazer uma correta leitura meteorológica e conhecer o relevo da região do seu voo, esses aspectos reduzem consideravelmente o nível de tensão, deixando apenas o processo saudável desenvolver-se.
            O praticante de cross deve sempre voar com o pensamento positivo, ou seja, deve estar focado em atingir o seu objetivo planejado. Dessa forma ressalto a importância do planejamento para o cross, o planejamento da rota, meteorologia, pousos alternativos e conhecimento prévio da região onde se deseja voar.
            Devemos voar com foco, muitos pilotos com o sonho de voar os 50 Km planejam o seu voo até esse ponto, entretanto num dia clássico de voo onde seria possível voar 100 Km, esses pilotos perdem o seu foco ao final dos 50 Km voados. Com isso perdem a oportunidade de voar os 100 Km possíveis. Uma boa dica é planejar um passo à frente, se o objetivo é voar 50 Km planeje 100 Km de voo, se o objetivo é voar 100 Km planeje 200 km. Verifique sempre a rota e a distância do record local de cross, esse procedimento dá uma boa ideia do potencial da região.
            Ao decolarmos é comum apresentarmos um nível maior de tensão, no entanto, após alguns minutos de voo essa tensão vai diminuindo dando lugar a atenção. Começamos assim a fazer parte  do novo sistema que se apresenta, percebendo urubus, térmicas, gatilhos, o efeito e a direção do vento, o mais importante é estarmos conectados com a natureza e sensíveis as suas mudanças.
         O voo livre é sempre uma competição com sigo mesmo, uma busca pessoal, um desenvolvimento singular. Dessa maneira, a maturidade no julgamento de cada decisão determinará, de forma significativa o sucesso do seu voo.

Bons Voos !!!                   

Alexandre Malcher

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015


Voando e evoluindo no Cross Country



     A evolução de um piloto no cross country está intimamente ligada ao seu volume de voo. Esse fato é de conhecimento de todos, entretanto a grande questão é como evoluir de forma consistente, planejada e segura.
    Normalmente elegemos um bom piloto de cross em nosso sítio de voo e atingir o seus voos tornar-se-á nosso objetivo e desta forma seguimos no método da tentativa e erro. É inegável que o método da tentativa e erro gera conhecimento, entretanto esse conhecimento pode ser otimizado sensivelmente com um pouco de organização, planejamento e estudo.
   Nesse texto pretendo auxiliar na montagem de um programa de treinamento, de modo a auxiliar o piloto iniciante no cross a otimizar a sua evolução e solidificar os seus conhecimentos.
    Comecemos pelo binômio Tempo Livre e Sítio de Voo. Para praticar o cross country é necessário dispor de tempo livre e de um sítio de voo propício para a prática do cross. Em meu sítio de voo em Sampaio Correia – Rj, alguns amigos pilotos chegam na rampa cedo, preparados para o cross, água, resgate, todos os acessórios checados, equipamento de ponta para o cross, contudo marcam algum compromisso no meio da tarde ou agendam um churrasco de família imperdível para às 15h. Nessas situações não pratique o voo de distância, pois terá grande chance de perder os seus compromissos e não estará focado no voo. O voo de cross country trabalha com fatores imprevisíveis, ventos mudando a direção, fazendo com que mudemos o nosso eixo de voo, térmicas evoluindo rapidamente ao longo do dia de modo que, o voo que no princípio parecia fraco e pouco sustentado pode alterar-se completamente, sem contar com as famosas roubadas em locais não previstos. Desta forma quando for realizar voos de cross, tire o dia para isso e esteja focado no voo.
    Os sítios de voo mais famosos, normalmente são regiões de reconhecido potencial térmico, procure voar nessas regiões, primeiro no início da temporada, posteriormente durante a temporada de voo. Em certos sítios de voo, como por exemplo Governador Valadares, durante a temporada as condições clássicas de voo repetem-se por vários dias. Quando voando em condições clássicas, toda a teoria estudada terá aplicação direta e o voo será mais lógico e previsível, voe o máximo que puder nesses dias.
   Considere todos os voos importantes para a sua evolução, voe sempre de forma comprometida com a segurança e com a sua evolução. Aplique as teorias estudadas e confira os resultados, divida com amigos mais experientes as suas dúvidas. Avalie sempre os seus voos e procure apresentar uma solução correta para os erros cometidos, de modo a evitá-los no futuro.
   A seguir apresento uma tabela onde associei o nível dos pilotos com o número de horas voadas, bons pilotos de parapente voam cerca de 200 horas por ano. Parta desse princípio para criar o seu programa de treinamento, veja onde se enquadra e onde deseja chegar. Assim saberá inicialmente o quanto de trabalho será necessário para atingir o seu objetivo. A forma utilizada por muitos pilotos para manter esse acompanhamento contínuo dos voo é postá-los no site http://www.xcbrasil.org/ e acompanhar através do link estatísticas. O próprio programa fornece todas as informações necessárias sobre os seus voos.


  Piloto                                                Mínimo de horas voadas por ano

 Piloto iniciante                                                                50H
 Piloto intermediário                                                       100H
 Piloto avançado                                                            200H
 Piloto Profissional (Nível Internacional)                        300H



    Com a sua média de voo anual já calculada e sabendo o número de horas que deseja inserir em seu calendário de voo, chegou o momento de avaliarmos as opções disponíveis, uma vez que essa decisão pode envolver uma viagem para um bom local de voo, custos de hospedagem ou inscrição em um  campeonato.
    As opções de voo são inúmeras, entretanto defina primeiramente qual é o seu maior fator limitador. Os pilotos que possuem como fator limitador o tempo disponível para a prática do esporte, organizem as suas folgas ou férias combinando com a temporada de voo do sítio que deseja ir, assim as suas chances de voar em condições clássicas serão muito maiores. Um piloto voando 4 dias seguidos em em bom sítio de voo com condições clássicas, além de contar muitas horas de voo, evoluirá sensivelmente. Os pilotos que possuem como fator limitador a família, procure participar de competições de fim de semana, normalmente as cidades organizadoras são cidades turísticas e acaba virando um grande passeio para toda a família, o único problema é que estará ligado ao evento dando voo ou não. Participar de pequenas competições é muito importante para o piloto iniciante, pois terá a oportunidade de voar com pilotos de diferentes níveis, observar os diferentes comportamentos durante o voo, técnicas de pilotagem e muitas competições oferecem prêmios aos pilotos iniciantes bem colocados.
    Trace pequenos objetivos de voo e comemore cada um deles. Um voo de 20 Km para um piloto iniciante no cross é um excelente voo e deve ser muito comemorado. Após os 20 Km, busque os 30 Km, após os 30 Km, busque os 40 Km e assim vai seguindo até os 100, 200, 300 Km, dependendo da sua necessidade de vencer obstáculos e desafios.
    Mantenha sempre o acompanhamento da meteorologia e procure ir para a rampa somente nas boas condições de voo, aprenda a dividir o tempo com as outras coisas importantes da vida.
   As temporadas de voo, normalmente apresentam-se nos mesmos períodos do ano para um determinado sítio de voo e para facilitar o seu planejamento, listei algumas delas. O site (guia quatro ventos) possui informações bem completas sobre quase todas as rampas do Brasil, caso tenha alguma dúvida vale conferir no site.

Rampas
Temporadas de Voo
Castelo
Setembro a Março
Araxá
Setembro e outubro
Governador Valadares
Fevereiro e Março
Jaraguá
Agosto, Setembro e Outubro
Tangará
Setembro a Abril
Andradas
Agosto, Setembro e outubro
Cambuquira
Setembro, outubro e novembro
São Lourenço
Agosto, Setembro, Outubro e Novembro


Bons Voos a todos !!!

Alexandre Malcher